Podemos dizer que o café descafeinado é uma invenção antiga, mas ainda pouco conhecida. E é justamente por isso que acaba gerando muitas dúvidas, inclusive por se tratar de um assunto polêmico entre os mais puristas, que não gostam da ideia de existir um café sem a sua principal característica: a cafeína.
Conhecida por seus inúmeros benefícios, a cafeína é uma substância presente em diversos alimentos, sobretudo no grão de café. É amplamente utilizada por seu efeito estimulante, que atua diretamente no sistema nervoso central, aumentando sua atividade e fornecendo mais energia, maior capacidade de concentração, aumento do estado de alerta e redução do cansaço. Além disso, atua de forma muito rápida no organismo: após ingerida, é absorvida pelo trato intestinal e seus efeitos podem ser sentidos entre 30 e 45 minutos.
No entanto, há quem prefira saborear um café sem obter os efeitos da cafeína. Seja por sensibilidade à substância, seja por restrições médicas ou mesmo para reduzir o efeito estimulante da sua dieta. Independentemente do motivo, o café descafeinado é mais uma opção para os amantes da bebida!
O que é café descafeinado
Como o próprio nome sugere, o café descafeinado não tem cafeína. Ou melhor, quase não tem. Isso porque, para ser considerado descafeinado, é necessário remover, no mínimo, 97% de sua cafeína — o que significa que ele pode ter uma pequena quantidade que, na prática, não diz muita coisa.
Para você ter uma ideia, uma xícara de café expresso de 60 ml tem cerca de 90 mg a 200 mg de cafeína. Já em uma mesma xícara de café descafeinado, a quantidade cai para aproximadamente 3 mg. É muita diferença, não é mesmo?
Vale lembrar que a quantidade de cafeína depende de diversos fatores: a variedade de grãos utilizada, a temperatura da água e até o método de preparo influenciam na extração do componente.
Como é feito o café descafeinado
Você já deve imaginar que não deve ser fácil fazer um café descafeinado. E não é mesmo. É claro que já existem protocolos industriais de alta tecnologia específicos para isso, mas há muita complexidade e técnica envolvida.
Há quatro principais métodos de descafeinação, que mudam conforme a substância utilizada para fazer a extração da cafeína. São elas: água, acetato de etila, dióxido de carbono e cloreto de metileno.
No primeiro método, a cafeína é extraída em água quente, pois se dissolve na água. Depois, ela é removida do líquido com um solvente orgânico. Em seguida, a água é devolvida aos grãos e secada, devolvendo os sabores.
A técnica com acetato de etila é um pouco mais minuciosa. Os grãos são colocados em uma mistura de água e acetato de etila e a substância circula em volta do café, extraindo a cafeína aos poucos. Na sequência, o líquido é escorrido e o processo é repetido diversas vezes, até atingir o nível de extração desejado. Esse é um método que exige muito cuidado, pois se não for executado corretamente, pode alterar as propriedades do café.
O método com cloreto de metileno é semelhante ao anterior. A principal diferença entre eles é que o acetato de etila entra em contato diretamente com o grão, ao contrário do cloreto de metileno. Aqui, o café é submerso em água quente por algumas horas e, depois, o líquido é coado e direcionado para outro recipiente, com a substância, que se une com as moléculas de cafeína. Na sequência, é fervido para que o solvente e a cafeína evaporem e, em seguida, os grãos são devolvidos ao líquido, para reabsorverem os compostos que foram eliminados na primeira água.
Por fim, com o dióxido de carbono o processo é um pouco diferente: são aplicadas moléculas de gás que atraem a cafeína e, assim, removem o composto sem afetar os grãos.
Como surgiu o café descafeinado
O café descafeinado surgiu ao acaso, em uma experiência nada convencional. Segundo relatos, o alemão Ludwig Roselius, fundador de uma empresa de café, perdeu seu pai de forma prematura e acreditou que a causa da morte foi o excesso de cafeína. A partir disso, decidiu que iria encontrar uma maneira de ter a bebida com riqueza de sabores e aromas, mas sem o elemento que considerava venenoso.
Acidentalmente, uma de suas remessas de grãos de café foi atingida por água durante uma inundação parcial do navio de carga. Ao invés de jogá-la fora, Ludwig e sua equipe analisaram e prepararam o café, notando que o perfil estava intacto, mas que a cafeína havia evaporado. Três anos após a descoberta, em 1906, ele patenteou o método, que envolvia a vaporização dos grãos de café com o uso de algumas substâncias.
Os benefícios do café descafeinado
Nós já falamos aqui no blog sobre os benefícios do café para a saúde, como redução das chances de doenças graves, auxílio ao funcionamento do fígado, ganhos na função cardíaca, queima de calorias e até mesmo aumento da expectativa de vida. O café descafeinado, por sua vez, ainda se destaca por oferecer outras vantagens. Veja só:
- Pode ser consumido por pessoas que sofrem com ansiedade e que, por isso, normalmente precisam fazer restrição de cafeína;
- Pode ser consumido por grávidas que amam café, mas que não podem consumir alta concentração de cafeína durante a gestação — desde que tenham autorização médica, claro;
- Como não tem cafeína, pode ser consumido a qualquer hora do dia, inclusive à noite, sem o risco de causar insônia.
Para terminar, vale lembrarmos que cada pessoa é única e, consequentemente, cada organismo reage de forma diferente ao café. Por isso, é preciso sempre associá-lo a uma rotina saudável para aproveitar ao máximo seus benefícios!
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