Verdade seja dita: para os entusiastas de café, degustar uma xícara excepcional não é suficiente. É preciso compreender cada etapa que leva a uma dose com corpo e aroma agradáveis ao seu paladar. E a moagem do café tem um papel fundamental para se obter uma bebida de sabor inesquecível.
Para se ter uma ideia, muitas vezes os grãos são bons e a torra é feita adequadamente, porém, o resultado acaba sendo comprometido pela moagem incorreta. Pois é, mais do que apenas levar o café em grãos ao moedor para transformá-lo em pó, este processo tem particularidades importantes que você precisa conhecer. E é sobre elas que falaremos neste artigo.
Escolhendo o moinho de café ideal
Uma boa moagem do café começa com um bom moinho. Existem vários modelos no mercado, dos mais simples aos mais sofisticados.
Os manuais são mais acessíveis, no entanto, não oferecem uma referência exata do tipo de moagem. Isso significa que você vai precisar usar sua percepção para alcançar a consistência desejada. Além disso, eles são feitos para moer uma quantidade menor de café por dia, que geralmente varia entre 35 e 100 gramas de grãos por vez. E nesses equipamentos é preciso girar uma manivela para fazer a moagem.
Os moedores profissionais elétricos, por sua vez, garantem mais praticidade e exatidão, pois permitem que você determine precisamente o tipo de moagem que deseja. Assim, basta colocar os grãos e pronto, eles são moídos automaticamente. Justamente por essa razão, são essenciais ao trabalho dos baristas, afinal, quanto mais fresca for a moagem do grão, melhor será a experiência sensorial oferecida pela bebida.
Diante disso, como escolher o melhor moinho? Depende da sua necessidade, contudo, alguns critérios podem ajudar você a tomar a decisão certa. Veja só:
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Capacidade de processamento e armazenamento
É importante que você tenha clareza quanto à quantidade de grãos que vai utilizar. Se você pretende usar o moedor na rotina de uma cafeteria, por exemplo, vai precisar de um recipiente com alta capacidade. Mas se a ideia é usar no dia a dia da sua casa e fazer café apenas para a família, optar por um equipamento mais compacto pode ser a melhor alternativa.
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Simplicidade e praticidade na limpeza
Tenha sempre em mente que grãos e resíduos antigos são grandes inimigos do sabor do café, pois começam a oxidar assim que a moagem é feita. Quer dizer, a limpeza do moedor deve ser constante tanto para manter o aparelho higienizado quanto para garantir o sabor natural da sua bebida. Então, opte por um moinho que possa ser limpo facilmente após o uso e que garanta uma qualidade uniforme durante o preparo do café.
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Versatilidade na moagem
Priorize um equipamento que proporcione controle total sobre o processo de moagem. Entre moagens finas, médias e grossas, o ideal é que você possa experimentar as mais adequadas para diferentes métodos de preparo. Siga com a gente e entenda melhor essa diferenciação!
Os diferentes tipos de moagem do café
Definir o tipo de moagem que você irá escolher no moedor dependerá de diversos fatores: o tempo que a água vai interagir com o grão do café, a presença ou não de um filtro, o material deste filtro, a pressão do sistema, entre outros.
Se você optar por uma moagem fina para fazer café no coador, por exemplo, não vai ter um bom resultado, já que água pode nem passar ou passar pingando lentamente, tornando a extração muito demorada. A mesma coisa acontece quando a moagem é muito grossa: o café passa de forma rápida e o resultado será, provavelmente, uma bebida rala.
Por isso, é bom entender sobre a granulometria do pó, que é o que define a dificuldade da água passar por ele. Anote aí: quanto mais fino o pó, mais difícil será para a água passar e, quanto mais grosso o pó, mais fácil.
Existem quatro graus de moagem do café. Vamos conhecer as particularidades de cada um deles e entender como combiná-los com os diferentes métodos de preparo para se chegar ao melhor resultado:
1 – Moagem pulverizada ou extrafina
Indicada para café turco
Esta é a mais fina das moagens, que deixa o café com uma textura de farinha de trigo. É feita especificamente para preparar o café turco, em que o pó é misturado diretamente na água com o açúcar, sem filtrar. O café precisa ser bem fino para se dissolver completamente. A mistura, que leva ainda especiarias, como canela e cardamomo, possui uma consistência espessa, além de sabor e aroma mais fortes.
2 – Moagem fina
Indicada para café expresso, cafeteira elétrica e café coado com filtro de papel ou pano
Este tipo de moagem, que deixa o café com aparência de grãos de areia, é um dos mais utilizados, principalmente em cafeteiras elétricas ou quando o café é coado em filtro de papel ou pano. Por sua consistência, a granulação oferece uma maior resistência à passagem da água, fazendo com que o tempo de contato seja maior. Por esse motivo, é utilizado também no café expresso, justamente pela alta pressão da água das máquinas, que passa rapidamente pelo pó. O resultado é um café de aroma e sabor bastante acentuados.
3 – Moagem média
Indicada para vários métodos de preparo filtrados ou por infusão, como pour over, cafeteira italiana (moka), globinho, Hario V60, chemex, clever e aeropress
Sua consistência se assemelha à de açúcar cristal. Neste tipo de moagem, o contato da água com o pó de café acontece por cerca de três minutos, tempo indicado para extrair seu sabor, resultando em uma bebida suave, encorpada e com aroma intenso. Pela sua versatilidade, apresenta ainda alguns níveis intermediários de granulometria, como:
- Média fina – para expressos e preparos com tempo de extração inferior a três minutos.
- Média grossa – para cafeteiras italiana, globinho, chemex, clever e Hario V60.
4 – Moagem grossa
Indicada para prensa francesa, cafeteira italiana (moka), clever, pressca, aeropress e syphon
Na granulometria mais grossa, o café se assemelha a flocos de aveia, com partículas bem soltas. Por seu aspecto, é indicada para métodos em que o pó fica em contato com a água por mais tempo, resultando em uma bebida mais encorpada e forte.
Dica: faça a moagem do café apenas instantes antes de prepará-lo!
Você já deve ter percebido que, nas cafeterias, os grãos são processados apenas na hora do café ser preparado para o cliente, certo? E existe um motivo para isso: os grãos torrados, quando moídos, entram em processo acelerado de oxidação, capaz de alterar as características de aroma e sabor do café na xícara.
Portanto, em casa, além de armazenar corretamente os grãos, faça a moagem do café somente instantes antes de prepará-lo. E, claro, escolha os grãos premium, gourmet e ristretto do Café América. Assim, sua experiência com a bebida será sempre a melhor possível!
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